Roseanne McNulty é uma idosa que há quase sessenta anos mora em um asilo. Doutor Grene, há décadas o psiquiatra responsável pela instituição, precisa finalizar alguns casos e analisar que pacientes podem ser liberados antes que o governo derrube o prédio em que ela funciona. Ao estudar o caso de Rose, o médico descobre que não conhece as origens dela nem por que foi parar lá. Como esclarecer isso? Perguntar à frágil paciente já com 100 anos e assumir seu descaso não parace uma boa ideia.
O livro é narrado por duas vozes: a de Roseanne, que escreve em seu diário na tentativa de recordar sua história; e a de Dr. Green, que em suas anotações relata a própria vida e a busca por informações sobre a paciente. A estrutura narrativa é um dos pontos que tornam a obra encantadora. Consegue-se ouvir a história da protagonista por vários referenciais, não sabendo nunca em quem acreditar: na idosa com memória fraca, ou nas testemunhas que o médico vai encontrando em sua pesquisa.
Outro ponto muito interessante é que Rose, ao relatar suas lembranças, desde os tempos em que morava com o pai atrás de um cemitério até os dias atuais, parece estar escrevendo para uma pessoa especial. O leitor o tempo todo vai se perguntar: “Será para mim?” Já o outro protagonista, a todo momento, tenta expiar suas culpas e seus pecados.
Com uma história envolvente e repleta de surpresas, "Os escritos eecretos" chega ao Brasil após chamar a atenção da crítica literária, vencer o Costa Book Prize e ser finalista do Man Booker Prize, dois dos mais importantes prêmios de literatura.