Na primeira metade da década de 70, com a consolidação irrecusável de um regime de expansão-consumotolerância na Itália, os sintomas do "mal burguês" eram detectados por Pasolini em toda a parte: no corte dos cabelos, nos slogans publicitários, nas declarações do Vaticano, na ideologia do "desenvolvimento", na linguagem da televisão, na escola obrigatória, na extinção dos dialetos, na erotomania generalizada, na campanha pela legalização do aborto, no "desaparecimento dos pirilampos"...
Os jovens infelizes é uma amostra inédita da militância semiológica-política do último Pasolini (1973-1975). Um verdadeiro exemplo de intervenção intelectual numa dada realidade -- a do "fascismo de consumo" --, que esta antologia procurou reconstruir selecionando e montando seus fragmentos em atenção ao público brasileiro.