Os tempos, eles mudaram mesmo, nestes quase 60 anos que nos separam da época em que Bob Dylan escreveu e gravou a canção The Times They Are A-Changin’.
Escrever sobre um personagem multifacetado como o trovador e poeta estadunidense é uma tarefa árdua, atrevida e pretensiosa, mas assumida com entusiasmo pelos quatro fãs e autores das histórias de ficção, crônicas opinativas e textos não muito bem passíveis de categorização que vocês lerão nesta obra.
Como falar, em umas poucas palavras, sobre o cantautor folk de voz fanha que, munido de um violão e uma gaita de boca, entoava hinos a toda uma geração, aclamado pelo conteúdo profundo de suas letras? Ou sobre o roqueiro poeta e drogado de influência beatnik que – acompanhado da valente banda de apoio, a qual, mais tarde, faria carreira por mérito próprio sob o nome The Band – enfrentou quase dois anos de turnê sob torrentes de vaias a cada show, por mudar tão radicalmente de direção – e de personalidade, a primeira de muitas alterações? Em seguida, o desaparecimento após um suposto acidente de moto, pra ressuscitar como o cantor country e fora da lei do oeste selvagem que surpreenderia a todos pela transformação radical de seu timbre de voz. E ainda tem o Dylan artista de circo itinerante que resgatou os velhos amigos pra uma turnê ao estilo vaudeville; o crooner de cassino que fazia shows acompanhado por um conjunto musical gigantesco; o pregador fundamentalista cristão; o artista sombrio mas sereno, depois de quase se “encontrar com Elvis” em virtude de um fungo que lhe atingira o coração no final dos anos 1990.
A fim de respeitar e tentar representar, ainda que minimamente, a vastidão da obra e a variedade de estilos e personalidades assumidas por Bob Dylan em seus 80 anos de vida, não se impôs limite ou regra alguma aos autores deste e-book. Prezamos justamente pela multiplicidade de olhares, sensações, pensamentos e emoções que vêm à cabeça e aos corações de todos quando escutamos as músicas do eu-lírico de Robert Allen Zimmerman.
Audaciosos? Talvez. Mas destemidos e resolutos também, como o foi o próprio Dylan, chamado de Judas em 1966, antes de se virar, irritado, pra futura The Band e ordenar: “Play it fucking loud!” (algo como “Toquem essa porra bem alto!”), e, em seguida, despejarem sobre as vaias um vômito de palavras sob a forma de Like a Rolling Stone.
Esta é apenas uma singela homenagem desenvolvida por ocasião do aniversário do cara, conforme já referido. E ficamos muito orgulhosos de poder prestá-la do jeito que gostamos de fazer: escrevendo.
E, por favor: leiam essa porra bem alto!
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