Num belo dia de 1929, chega à estação de trem de Periperi — um pacato vilarejo de veraneio na periferia de Salvador — um personagem singular, vestindo túnica de oficial da marinha mercante: comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão- -de-longo-curso. Aos sessenta anos, ele se declara cansado de navegar mundo afora e diz que veio para ficar.
Logo se torna figura de destaque na comunidade local, composta quase exclusivamente de aposentados, encantando a todos com seus relatos de aventuras românticas e exóticas. Ou a quase todos. Um grupo de cidadãos enciumados com o prestígio do recém-chegado questiona a veracidade das histórias e até mesmo sua condição de comandante.
O fiscal aposentado Chico Pacheco, líder dos questionadores, empreende uma investigação implacável em Salvador e volta com a bombástica notícia de que Aragão é uma fraude: não passa de um velho boêmio, que torrou nos bordéis e cabarés o patrimônio do avô português, comerciante de secos e molhados. Seu título de capitão-de-longo-curso fora obtido por meio de corrupção e malandragem.
Quem estará com a razão? O comandante ou seus detratores? O tira-teima definitivo se apresenta na forma de uma última missão para a qual o comandante é convocado: levar ao porto de chegada um navio cujo capitão morrera em alto-mar.
O romance foi publicado originalmente em 1961, no volume Os velhos marinheiros — Duas histórias do cais da Bahia, que incluía a novela A morte e a morte de Quincas Berro Dágua.
Literatura Brasileira / Ficção