Os Vendedores de Felicidade (Mundos da Ficção Científica #32)

Uma empresa alega ter descoberto uma fórmula da felicidade e decide comercializá-la. A partir de textos quase independentes entre si o livro vai gradualmente avançando vários anos no tempo e mostra a face de um mundo totalitário em que a felicidade a qualquer preço virou lei e que a infelicidade deve ser punida e combatida.

The Joy Makers by James Edwin Gunn (1961) -- O anúncio era pequeno e discreto, e dizia apenas: "Por que ser infeliz? Deixe que nós resolvamos os seus problemas. Disque para P-R-A-Z-E-R. Felicidade garantida." Parecia mais uma dessas deslavadas arapucas que povoam os jornais, ou o convite de uma nova religião messiânica. Quando o magnata da indústria eletrônica Joshua P. Hunt foi ver de se tratava, mal sabia que um dia tentaria ingressar, inutilmente, nesse paraíso...

[Na Orelha do Livro] 'Um dia ele abriu o jornal e seus olhos caíram acidentalmente sobre um pequeno anúncio que vendia felicidade. Não apenas satisfação, felicidade mesmo. "Por que ser infeliz?", lia-se no discreto quadradinho. "Deixe que nós resolvamos seus problemas. Felicidade garantida." Levado pela curiosidade, e por um resfriado, o magnata Joshua P. Hunt foi introduzido no incrível complexo da Hedonics Inc., que iria mudar sua vida.

Para sua surpresa, não era uma arapuca, nem uma seita messiânica. Não visava a tomar dinheiro dos incautos. Era uma ciência em formação, que se propunha a fornecer o produto que a Humanidade sempre desejou possuir e pelo qual se envolvera em toda a sorte de loucuras e desgraças.

Pouco a pouco, o que de início parecia um embuste vai conquistando a população da Terra, e no ano 2003 já se podia lançar, e depois impor, a Declaração do Hedonismo, uma espécie de Declaração Universal dos Direitos do Homem. Pois qual é o direito supremo do ser humano? A felicidade. Todos os problemas, habitação, alimentação, saúde, sexo, dinheiro, parecem resolvidos para sempre. De tal forma que ser infeliz se torna uma violação desse sagrado direito...

Nem todos, no entando, estão preparados para ser felizes, e para alguns a felicidade é um fardo insuportável, ou pior, um veneno, que destrói todas as forças criativas. Começa a colonização de outros planetas do sistema solar. Na Terra, o Conselho Hedônico se defronta com os problemas de um mundo perfeito. Mas também ele está mergulhado em sonhos e fantasias criados mecanicamente.

''Os Vendedores de Felicidade'', de James Gunn, é um dos romances mais apreciados da moderna ficção científica. Inserindo-se na corrente das utopias, que passa por H. G. Wells, George Orwell, John Brunner, Aldous Huxley e outros, fala-nos de um paraíso que, produzido artificialmente, finda por se converter num pesadelo, justificando a citação de Bernard Shaw: 'Ninguém seria capaz de suportar uma vida inteira de felicidade. Seria o inferno na terra.' Ou como pensa um personagem deste livro: cada homem tem o direito de escolher suas próprias ilusões '.'

[The Joy Makers] 'Imagine a world where you can have everything you want, or if you can't have it, you can be psychologically conditioned not to want it. Imagine a world so technologically advanced that happiness and contentment can be achieved without effort, a world where there is no sickness or hunger, no deprivation, no want, no striving, no disappointment. Imagine that any experience can be yours and any fantasy or desire reconstructed by machines and fed directly into your cerebral cortex. Imagine all this, and you have the world of James Gunn's 'The Joy Makers', a nightmare world of indolence, of lost purpose, of the death of civilisation.

'The Joy Makers' tells of a future society on Earth where the psychomedical science of Hedonics, concerned with the manipulation of human desires and the achievement of happiness, becomes the ruling philosophy. In a chilling climax, an Earthman returning from Venus, where life is still a rugged pioneering affair, attempts to smash the grotesque dominance of the machine over a captive human population'.

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