Precursor da primeira transmissão de rádio, anterior à experiência realizada pelo italiano Guglielmo Marconi, padre Roberto Landell de Moura morreu no anonimato. Pioneiro das telecomunicações - concebeu ainda a televisão e vislumbrou as comunicações interplanetárias -, ele continua a ser lembrado na memória da civilização midiática como personagem ausente e quase insignificante. Uma injustiça devastadora contra um grande talento nacional que ainda hoje só é mencionado salvo o reconhecimento de pequenos grupos acadêmicos e científicos.
Em Padre Landell de Moura: um herói sem glória, o jornalista e escritor Hamilton Almeida ressalta a genialidade do inventor com a mais completa biografia do incompreendido cientista brasileiro. O trabalho é resultado de pesquisas iniciadas em 1976 pelo autor. Almeida defende que a ausência de oportunidade de mostrar ao governo brasileiro suas descobertas, Landell de Moura decidiu retirar-se das pesquisas e dedicar-se apenas a sua vocação religiosa. "Com uma lucidez impressionante", diz Almeida, "foi capaz de prever o seu futuro imediato: ´Em breve, outros inventores, mais afortunados do que eu, irão descobrir meus próprios inventos", revelou. Ainda assim, como sacerdote católico, talvez tivesse sido levado ao cárcere e condenado a suplícios se tivesse vivido nos tempos inquisitoriais. Mas não escapou de ser considerado "bruxo" pela comunidade religiosa e "maluco" pelas autoridades instituídas. Ao fugir das incompreensões aqui enfrentadas, emigrou para os Estados Unidos, onde registrou as "patentes" dos seus inventos em 1904. Em 1984 a Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec), de Porto Alegre, construiu uma réplica "daquele que pode ser considerado o primeiro aparelho de rádio do mundo: o Transmissor de Ondas". Construída aproximadamente 80 anos antes, o invento de Landell de Moura funcionaria perfeitamente, confirmando seu talento.