Lançado há setenta anos, O continente deu início à saga histórica mais celebrada da literatura brasileira, O tempo e o vento. Nesta entrevista à tradutora Rosa Freire d'Aguiar, publicada na revista Manchete em 1973, Erico Verissimo reflete sobre os quarenta anos dedicados à escrita: "Um romancista é antes de tudo um intuitivo".
Aos 67 anos, pouco antes de lançar o primeiro volume de suas memórias, Solo de clarineta, Erico Verissimo recebeu em sua casa uma jovem jornalista. Ansiosa com a tarefa de entrevistar um dos escritores mais cultuados do país, Rosa Freire d'Aguiar preparou uma lista de quarenta perguntas, apelidada por ele de "questionário da Inquisição". A conversa — no casarão da rua Felipe de Oliveira, em Porto Alegre — se estenderia por nove noites.
Ao fazer um acerto de contas com o passado e ponderar sobre a função do escritor em relação ao seu tempo, o autor de Olhai os lírios do campo é categórico: "O que me parece impossível é escrever um romance cuja ação se passa em nossos dias, e não fazer nenhuma referência à política. Os acontecimentos políticos, as lutas sociais nos saltam na cara. Como ignorá-los?"
Nesta entrevista saborosa, o leitor é apresentado a um verdadeiro contador de histórias.
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