A imagem do mundo com um só grande continente, antes da sua separação geológica, é o ponto de partida de Pangeia, construção literária de uma “geologia humana” - ou, como chama a autora, a “etimologia do ser”. Poesia simplesmente, ou ainda um ensaio sobre a integridade da natureza humana, Pangeia foi vencedor do Prêmio Biblioteca Digital do Estado do Paraná em 2020, que substituiu o “Prêmio Paraná de Literatura” durante o período de isolamento da Covid-19, permanecendo inédito em livro impresso. Desenvolvido e ampliado, ganha aqui sua primeira primeira edição, com introdução de Prisca Agustoni, vencedora do prêmio Oceanos de 2023. Os poemas incluídos em “Nascentes”, que encerram a obra, são uma homenagem aos poetas e aos mortos da Faixa de Gaza, na guerra deflagrada em 2023. O título “Nós não somos números” (no original “We are not numbers”) era um projeto de um dos poetas, Refaat Alareer (1979 – 2023), morto em 6 de dezembro, com um legado que une os autores de Gaza a outros artistas internacionais. “Antes dele, partia Heba Abu Nada (1991 – 2023), em 20 de outubro - a sua morte me comoveu ao ponto de que surgisse uma paródia de W. H. Auden, o célebre poema “Funeral Blues”, afirma Basílio. “Penso que vivemos na organicidade dos acontecimentos de uma Pangeia-real, em um eterno e delicado mundo. “
“Belíssima viagem à procura da sua/nossa origem do ser, nossa Pangeia ancestral e futura.” Prisca Agustoni, vencedora do Prêmio Oceanos/2023
Literatura Brasileira / Poemas, poesias