O último livro escrito por Umberto Eco. Crises ideológicas, econômicas e políticas, individualismo desenfreado e uma relação simbiótica com nossos celulares são alguns dos elementos que compõem o ambiente em que vivemos: o de uma sociedade líquida, onde nada parece fazer sentido ou ter sequer algum significado. Neste que é seu derradeiro livro, a fim de tornar mais fácil a compreensão de nossa sociedade desnorteada, Umberto Eco nos presenteia com uma coleção de ensaios sobre tudo: de Harry Potter ao 11 de Setembro, passando pelo Twitter, os templários e questões de caligrafia. “Pape Satàn, pape Satàn aleppe”, disse Plutão no Inferno de Dante, com espanto, tristeza, ameaça ou talvez ironia. O significado do verso, ainda um mistério para nós, líquido demais, é perfeito, portanto, para caracterizar a confusão de nosso tempo e intitular esta obra.
Contracapa:
"O silêncio está prestes a se tornar um bem caríssimo e, de fato, só está a disposição de pessoas abastadas que podem pagar mansões em meio ao verde ou de místicos da montanha com mochilas nas costas, que ficam tão inebriados pelos silêncios incontaminados das alturas que perdem a cabeça e acabam caindo em alguma fenda, de modo que não demora para que toda a área seja poluída pelo ronco dos helicópteros dos socorristas.
Ainda vamos chegar ao momento em que aqueles que não aguentam mais o baruho poderão comprar pacotes de silêncio, uma hora num quarto forrado como o de Proust ao preço de uma poltrona no Scala de Milão. Como réstia de esperança, pois infinitas são as astúcias da Razão, observo que - à exceção dos que usam o computador para baixar suas músicas barulhentíssimas - todos os outros poderão encontrar o silêncio justamente diante da tela luminosa, de dia e de noite: basta usar o controle e desligar o áudio."
Crônicas / Não-ficção