136 Minutos de pausa
Um homem busca espaço para apoiar seu cotovelo ao lado de uma mulher gorda no avião. O amor do ventríloquo se expressa pelas vozes dos seres inanimados. A vaca é transfigurada em fonte de alimento, de sonho, de desejo. Moacyr Scliar surpreende até quando se propõe a ser simples, como a saída que encontra para vencer o estresse no conto Pausa, ou quando conta sem floreios o que faz um corretor de imóveis para vender um apartamento de cobertura.
Sua matéria-prima é o que sabemos e o que não queremos saber da vida. Suas ferramentas são o insólito e o surpreendente.
Ler Moacyr Scliar estimula a curiosidade, dá medo, faz rir, arrepia, chega a desafiar a inteireza do estômago, o ritmo da respiração. Ao final, a arte se recompõe, nos afeiçoamos à mais estranha das criaturas, acostumamos com os mais indigestos rituais, nos apaziguamos diante das cruezas humanas e aceitamos que Moacyr tinha razão: o ser humano é mesmo esquisito.
(extraído do site da editora Livro Falante)
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