O conto “Pílades e Orestes” é um notável exemplo da maestria de Machado de Assis para manejar o foco narrativo, com vistas ao encobrimento dos elementos da narrativa sob camadas de ironia. Apresentando a relação afetiva assimétrica de dois homens, um
deles rico herdeiro de grande fortuna
e o outro um esforçado advogado, o narrador machadiano somente reforça a idéia da impossibilidade de concretização do relacionamento, ao sugerir que por trás da complacência de Gonçalves para com as investidas do amigo está o interesse pelos bens herdados, dos quais finalmente se
apossa. Amor, interesse material, ou ambos teriam motivado o relacionamento? Esta questão paira no ar ao final do conto.