"O propósito do nosso sermão será despertar consciências adormecidas. Sem nos metermos em perguntas metafísicas relativas a se Pilatos teve ou não real participação na ação particular pela qual morreu Jesus, vou mostrar-lhes que de muitas maneiras, os homens cometem na prática um crime semelhante, e assim demonstrarei, que têm disposições similares àqueles antigos assassinos de Cristo. Ainda que repudiem a crucificação, a repetem, se não na forma, no espírito. Ainda que Jesus não esteja aqui em carne e osso, contudo, a causa da santidade e da verdade e de Seu divino Espírito ainda estão em nosso meio. E os homens reagem diante do reino de Cristo, que está estabelecido entre eles, da mesma maneira que os judeus e os romanos agiram contra o Deus encarnado.
É certo que nem todos os homens são igualmente Seus inimigos empedernidos, pois o Senhor falou de alguns que “maior pecado tem;” e poucos são tão culpados como Judas o traidor, esse filho da perdição; mas não importando a razão, a rejeição a Cristo é um grave pecado, e vocês serão uma grandiosa bênção evangélica se arrependem-se dele à maneira do profeta que disse: “E olharão para mim, a quem traspassaram; e pranteá-lo-ão sobre ele, como quem pranteia pelo filho unigênito; ”
Agora falarei sobre a história da apresentação de nosso Senhor diante de Pilatos, desde o momento em que foi enviado a Herodes até o tempo em que foi entregue aos judeus para que fosse crucificado, e vou tentar expor, mediante esta narração, várias formas na quais os homens matam a Cristo virtualmente, e por tanto, se tornam participantes da antiga transgressão que foi perpetrada em Jerusalém."
Charles Spurgeon
Religião e Espiritualidade