Entre todos os heterónimos, Álvaro de Campos foi o único a manifestar fases poéticas diferentes. Houve três frases distintas na sua obra. Começou a sua trajetória como decadentista (influenciado pelo Simbolismo), onde exprime o tédio, a náusea, o cansaço e a necessidade de novas sensações para fugir à monotonia. Depois passou para uma fase modernista ligada movimento do Futurismo/Sensacionismo, expresso por uma exaltação ao Mundo moderno, do progresso técnico e científico, da industrialização e da evolução da Humanidade, numa uma atração quase erótica pelas máquinas. E por último uma fase mais intimista e pessimista, chamada Fase Abulicólica marcada pelo sentimento de vazio, em que ele se sente um marginal, um incompreendido, fechado em si mesmo, angustiado, cansado, nostálgico e com descrença em relação a tudo.
Muito diferente dos seus congéneres heterónimos mais conhecidos como Alberto Caeiro, que considera a sensação de forma saudável e tranquila mas rejeita o pensamento, ou de Ricardo Reis, que advoga a indiferença olímpica, Álvaro de Campos procura a totalização das sensações, conforme as sente ou pensa, o que lhe causa tensões profundas. É nesse sentido que se aproxima muito do próprio Fernando Pessoa.
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