“É preciso ter coração de ferro/ Para suportar este inferno /Ou não ter coração”
Poesia rude, sem técnica nem estética, que fala de amor, abandono, aponta injustiças, denuncia o machismo e os preconceitos, sofre com a indiferença, e prova que a palavra é a arma para virar o jogo. André D´ Soares admite que escreve com o desespero daqueles cuja maior dificuldade para emergir na sociedade “está na diferença de largada”.
Essa diferença, o jovem poeta combate debochando com a hipocrisia ou denunciando os opressores, em versos que golpeiam o estômago e nos fazem refletir. Estigma, estereótipo, preconceito e exclusão são seus temas legitimamente sentidos em poemas que, não estivessem divididos em versos, poderiam ser classificados como crônicas, e das boas. Melhor ainda são os poemas curtos, de lirismo certeiro, quase microcontos de tão redondos.
Poesias que escrevi com fome é um livro que revela uma sensibilidade incomum em alguém tão jovem, um poeta em construção e muito promissor.
Nanete Neves, escritora
Literatura Brasileira