Quando chegou ao Upper East Side com o marido e o filho pequeno, Wednesday Martin foi jogada em uma tribo superfechada de mães megarricas e glamorosas com ambições altíssimas e determinação ferrenha. Em um mundo onde cumprimentos não são retribuídos, juntar as crianças para brincar é um esporte sangrento e até caminhar pela calçada é um exercício de dominação e submissão, ela sofreu um verdadeiro choque cultural.
Usando seus conhecimentos em antropologia e primatologia para descobrir uma forma de sobreviver, Wednesday fez na Park Avenue de hoje o mesmo que a antropóloga Jane Goodall e seus chimpanzés na Tanzânia da década 1960: passou a observar os rituais de acasalamento, os ritos sagrados e as mães na saída da escola agindo como babuínos. Para entender a migração sazonal, os ritos de culto ao corpo e o desejo avassalador dela própria de possuir uma bolsa que era puro fetiche, a autora se aprofundou nas teorias antropológicas de Margaret Mead.
Sem um distanciamento seguro, porém, uma reviravolta levou a autora a perceber que nem mesmo as coberturas luxuosas e os carrões com motorista conseguiram fazer daquelas mulheres uma tribo insensível à tragédia. Quando sua vida virou de cabeça para baixo, Wednesday testemunhou a força e a profundidade dos laços que, mesmo naquele círculo, a amizade entre mulheres é capaz de construir.
Não-ficção