'Enquanto propriedade é possível sem liberdade, o contrário é inconcebível.'
Propriedade, afirma Pipes, é um ingrediente indispensável não só para o progresso econômico, mas para a liberdade, a aplicação da lei e a garantia dos direitos civis. Nesta obra ele mostra como a propriedade privada serviu de barreira ao poder do Estado, habilitando o mundo ocidental a desenvolver instituições democráticas ao longo da História.
Desde a origem dos conceitos de propriedade na Grécia e sua codificação na Roma antiga, o autor revê a maturação desta noção no final da Idade Média, motivada pela expansão do comércio e o crescimento das cidades, e tece contrastes. Mostra como a Inglaterra, primeiro país a tratar terra como uma mercadoria e a desenvolver uma consistente defesa dos direitos de propriedade, tornou-se também o primeiro a instituir um governo parlamentarista capaz de restringir os poderes da realeza. Ao analisar o panorama da Rússia anterior ao século XIX, ressalta como a ausência de propriedade de terras privou seus cidadãos da capacidade de limitar a autoridade dos czares.
Além de examinar o tratamento da questão nos estados totalitários do século XX, o autor aponta como, nos Estados Unidos, a proteção da propriedade provada enraizada nos princípios dos "Pais da Pátria" tem sido uma contribuição para o bem-estar público. Entretanto Pipes alerta que as abordagens contemporâneas do tratamento da propriedade - em um século que sugere ter sido desfavorável à instituição - ameaça os direitos dos cidadãos.
Ele reflete sobre a influência dessas tendências para o futuro, esclarecendo por que acredita que a excessiva interferência do governo, mesmo quando visando a promover o bem comum, pode levar a uma diminuição da liberdade:
'Estudos patrocinados pela Heritage Foundation e pelo Wall Street Journal indicam que os países que fornecem as mais firmes garantias de independência econômica, incluindo os direitos à propriedade privada, são, sem exceção, virtualmente mais ricos. Eles também usufruem das melhores instituições políticas.'
Assim como em suas obras fundamentais sobre o comunismo soviético, em Propriedade & Liberdade este historiador constrói uma tese que desperta crítica ou entusiasmo, tanto na esquerda como na direita, mas não deixa lugar à indiferença.
Economia, Finanças / Sociologia