Inicialmente subordinada a ciências tais como biologia e a fisiologia, a psicologia ocupa hoje um lugar de destaque como ciência independente.
É esse trajeto da Psicologia rumo a autonomia enquanto área de saber específico que o leitor encontrará no texto de Luís Claudio M. Figueiredo e Pedro Luiz Ribeiro de Santi.
Texto que tem o mérito de não proceder a simples exposição das diferentes teorias psicológicas, levando o leitor a refletir sobre as condições socioculturais que propiciaram seu aparecimento e, atualmente, sua difusão, principalmente na área clínica. O que traz consigo uma inevitável ambiguidade: ao mesmo tempo que se dá a conhecer, a psicologia acaba por reforçar a ilusão de liberdade e singularidade dos indivíduos. Contrariando, então, o que se espera de uma psicologia científica: esclarecer os indivíduos sobre essas ilusões.
Não seria essa ambiguidade, contudo, característica de qualquer busca por um conhecimento? Parece ser esta a opinião dos autores: “No começo do conhecimento há sempre uma desconfiança e no fim há sempre uma decepção".
Decepção necessária, que nos remete constantemente à busca de novos conhecimentos.
Mas dizer que no fim de todo conhecimento há uma decepção não significa invalidar novos projetos de conhecimento. Pelo contrário, é a válvula propulsora que nos desperta o desejo de “ir além das aparências”, rumo a um conhecimento científico.
É esse rigor que move os autores a não tomarem posição em favor de uma ou de outra corrente teórica – o que restringiria um questionamento mais aprofundado – deixando em aberto o caminho para aquele que, com eles, aceitar o desafio de busca do “verdadeiro sentido de se fazer ciência”.
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