Fazendo parte do chamado “Eixo do Mal”, junto com países como o Irã e a Síria, a Coreia do Norte é um dos mais secretos e fechados países do mundo. Uma série de desastres naturais e de erros humanos também o transformou em um dos mais pobres. Com a abertura de uma fresta para investimentos estrangeiros neste país-fortaleza, Delisle viajou para sua capital, Pyongyang, onde trabalhou por dois meses como supervisor de um estúdio de animação francês, que terceirizou a parte braçal e repetitiva dos desenhos animados para a SEK, produtora estatal de filmes. Com um rádio portátil introduzido às escondidas no país e um exemplar de 1984, Delisle habitou um quarto de hotel – um dos três únicos da capital liberados para estrangeiros – convivendo com poucos norte-coreanos com quem era autorizado a se relacionar, alguns empresários estrangeiros e funcionários de ONGs. Em Pyongyang, Delisle traça um retrato irônico e crítico da Coreia do Norte, apresentando seu testemunho único do país, dos habitantes, dos costumes, da situação de expatriado e do regime totalitário de Kim Jong-Il, a única dinastia comunista do mundo. Com a companhia constante e obrigatória de um guia e um tradutor, ele percorre a capital e arredores com seu olhar de artista, vendo além do que é cuidadosamente selecionado para ser apresentado aos raros visitantes estrangeiros. Antes de viajar, Delisle, precisou assinar um contrato de confidencialidade de informações e só pôde publicar Pyongyang quando a empresa francesa para a qual trabalhava faliu. A mesma já havia ameaçado processá-lo quando soube da intenção do autor de transformar os acontecimentos de sua estada na Coreia do Norte em um diário. Uma visão ao mesmo tempo pessoal e informativa sobre a Coreia do Norte, onde os jornalistas não são bem-vindos, e nem Guy Delisle, depois deste livro.
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