Miguel 28/06/2021
Mudanças Estranhas em Momentos Sutis
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ou Mudanças Estranhas em Momentos Sutis
Nota: esse texto foi originalmente escrito por mim para a Comics Time.
Normalmente, eu não escolho o que vai vir para a página, o gibi chega até mim de algum modo misterioso e ligeiramente esquecível, mas dessa vez foi diferente; não vou saber informar o porquê, só que estava decidido antes mesmo de eu comprar que Ritos de Passagem - Quando Éramos Irmãos iniciaria a Parte Dois da Segunda Temporada da Comics Time. E comprei esse quadrinho com os trocados que recebo dos links de associado da Amazon, então muito obrigado a quem os usa (sim, isso foi um jabá).
Fiquei sabendo de Ritos por meio do Universo HQ em Resenha e lá o Sidney Gusman falou muito bem do gibi. De uma maneira, encontrei o perfil do @Lucas Marques, autor do quadrinho (não é o cara do Você Sabia), bati um papo com ele e vi que na lojinha dele o frete era grátis? Frete grátis e gibi bom: não sou louco de recusar! Recomendo que compre na loja do Lucas (link nos comentários), porque você pode pedir autografado sem nenhum custo adicional.
Ritos de Passagem - Quando Éramos Irmãos conta uma história de Ítalo, que, junto de sua amiga e vizinha Érika, decide dizer a todos da escolinha no primeiro dia de aula que são irmãos gêmeos. Mas, sabe como é? As coisas não costumam funcionar como gostaríamos e os dois começam a se distanciar um pouco, já que na escola Érika faz novas amizades e tem experiências bem distintas das de ítalo. A partir daí vemos um pouco da vivência escolar de ambos, porém sempre com foco na relação dos dois.
É um ótimo ?slice of life? (história mais voltada para temas do cotidiano), só que de um modo bastante peculiar e pessoal que te transmite muito bem os sentimentos das crianças. Ao mesmo tempo que você acompanha um dia de brincadeiras no bairro, você está envolto a um momento que, querendo ou não, vai causar grande mudança na vida dos personagens. Nossas mudanças se fundamentam em momentos sutis e aos poucos vamos nos metamorfoseando, tudo isso em uma estrada com trovões, água fria e ventos fortes? Mas eu gosto de chuvas; não há problema em se molhar.
A arte do mangá é incrível: combina bem com o roteiro e os personagens são bastante expressivos. Por exemplo, Douglas, a má influência da escola, possui o rosto pontiagudo, com olhos e sobrancelhas que lembram uma águia, como se sempre estivesse observando tudo de cima e esperando o momento certo para agir, sua roupa é de uma cor escura, deixando sua imagem pesada e densa; já Érika tem rosto e olhos redondos, trazendo um ar de pureza e inocência. O design dos personagens é primoroso.
O quadrinho é inteiro em tons de cinza, e o uso das cores é muito bem feito. O autor usa retículas e hachuras para montar texturas complexas que transmitem alguma sensação, desde calma a angústia, todas as texturas são significativas para a história e nada é por acaso; desse modo, o gibi fica mais dinâmico e transmite a mensagem sem ruídos. Há uma cena de pesadelo na HQ e o uso desses elementos é sensacional! Tenso e assustador na medida certa.
Observação: No Instagram, o Lucas posta vídeos curtos dele desenhando, ele trabalha muito com o tradicional ?papel-e-caneta? e imagino o quão complicado foi fazer tudo isso.
Com essa combinação de roteiro bom e ilustrações boas, Lucas foi premiado no ?13th Japan International Manga Awards?. É muito bom ver autores brasileiros ganhando prêmios lá fora e espalhando nosso ?poder br? pelo mundo.
A edição foi publicada pela AVEC Editora, possui 148 páginas, capa cartão com orelhas, verniz localizado e um tamanho muito próximo ao de um tankobon brasileiro, mas com papel Pólen (meu favorito para mangás). É uma leitura rápida, e por isso evitei entrar em detalhes sobre a obra, só que no futuro canal da Comics Time um vídeo com spoilers já está nos meus planos.
Durante a live na CCXP Worlds (link nos comentários) que Lucas fez, ele anunciou que planeja fazer uma trilogia com o Ítalo e os volumes podem ser lidos independentemente dos outros. O segundo volume vai se chamar ?Ritos de Passagem - O Garoto de Galochas?. Essa live foi bastante informativa, recomendo muito.
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Todo o cenário muda? A revelação, além de calma, é bastante confusa, porém é visível que o ADM não está sozinho e não é aquela habitual sombra que o persegue nos momentos inoportunos dessa vez? É o responsável pelo roteiro, ilustrações, coordenação editorial, projeto gráfico e diagramação de Ritos de Passagem... Lucas Marques está aqui para uma sessão de *????????? ?????Í????? ?? ????????? ??*!
? O gibi é bastante sensível, as situações são muito palpáveis? Isso me deixou com uma dúvida: quanto de Lucas tem no Ítalo? ? , diz o apresentador.
? Olha? Acho que tem bastante, mas não sei dizer quanto.
? E quanto de Ítalo teve (ou ainda tem) no Lucas?
? Algumas coisas que estão na HQ realmente aconteceram, mas eu também criei muita coisa, e como toda história sempre tem aspectos da personalidade do autor, acho que acaba tendo bastante também. Eu ainda sou um pouco inseguro, como o ítalo, mas não mais ingênuo. Ali ? diz apontando para o quadrinho ? tem muito da forma como eu via o mundo quando criança? Através de culpa e outras sensações mais confusas e puras. É uma época que a gente tá tentando entender o mundo e as crianças sentem mais as coisas por meio delas mesmas. Quero dizer: não temos tanta noção do mundo dos outros nesse período, sabe?
O ADM demora para responder, ele se lembra de sua infância conturbada no interior de Minas Gerais, suas memórias são confusas? Perdido em seus pensamentos ele diz: ? Sei, sim.
O autor continua: ? Tipo? Nesse modo de ver as coisas, se uma folha cai, por exemplo, é por interferência de alguém. Um acidente, como na história, acontece por conta de um desejo de outra pessoa. E lembranças desse tipo são interessantes: a gente lembra de como se sentia? Não sei se estou sendo claro.
O Administrador sai do transe e diz que está sendo, sim, claro. Será que Lucas se sente como ele? Tem lembranças bizarras e confusas que nem parecem reais? Ele quase pergunta sobre, mas deixa de lado. Para não ficar um clima estranho, ele se recorda que na dedicatória do quadrinho, Lucas puxou um balão de Ítalo e colocou a fala ?Diz aí, Sonic ou Mario??, é uma pergunta aterradora, uma escolha difícil e ele decide perguntar ao entrevistado que, sem papas na língua e com clareza responde:
? Então, na verdade, eu acho Mario um jogo melhor, mas Sonic me marcou mais, porque só tive o Mega Drive.
? O Sonic tinha uma abertura legal no desenho animado, é um ponto que devemos considerar ?, acrescentou o ADM ? já o Mario, não tinha nem abertura e muito menos piedade? Que dó das tartaruguinhas.
? Isso é verdade, haha, a abertura do Sonic é bem melhor. Também curto a velocidade do jogo.
? Frenético demais! Mas já morri muitas vezes por conta do ?gotta go fast?. A fase do jogo que o Ítalo e a Érika jogam na HQ me marcou muito! Perdi a conta de quantas vezes morri ali.
? Eu também, haha!
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Obrigado por ter chegado até aqui. Espero ter te informado, entretido ou ao menos ter trazido algo de positivo. Caso tenha chegado de paraquedas na Comics Time, considere curtir a página ou mandar essa postagem para algum conhecido fã de gibis. Muito obrigado ao Lucas por participar desse episódio tão especial e aguentar minhas amolações com perguntas estranhas. Como ele tem outros quadrinhos, é certeza que os veremos por aqui em breve, assim como seus futuros lançamentos.
Até a próxima!
*catalogado no Novo Arquivo da Comics Time como: #05 - Você gosta de Amora?*