monicalirios 19/05/2024
Tão brilhante quanto o cabelo do Draco Malfoy (ou até mais)
"meu torturador se tornou o meu remédio"
acredito que esse trecho da canção da Bey, resuma bem o que é dramione em Manacled.
Essa foi a primeira fic que eu li na vida, confesso que tinha preconceito com fanfic, mas é a vida né? Se você não se permite conhecer as coisas e julgar por seu próprio discernimento, acaba vivendo sempre na ignorância da opinião dos outros. E eu fico feliz que me permiti superar isso, porque, pqp, que livro.
Não é uma leitura agradável, muito pelo contrário, é intenso, angustiante, cru, doloroso, sombrio e demasiadamente triste. Sem meias palavras. Mas ao mesmo tempo, traça de maneira curiosa e até delicada, o amor. Não uma história de amor bonitinha, não dá pra romantizar. É uma história de amor tortuosa, envenenada e dissecada quase que totalmente de qualquer poesia. Mas a beleza vem do fato de que o amor floresce onde parecia impossível e acaba se tornando o meio e o fim para Draco e Hermione suportarem a tirania do ego de Voldemort e sua guerra desgraçadamente cruel.
Por pura ironia, encontram caminho um para a mente e coração do outro. Fazendo nascer um amor egoísta, sem limites nem controle, que acolhe todas as dores, feridas e necessidades um do outro, colocando em cheque a noção geral de que o amor é sempre bom e belo. Nas palavras do livro "o amor nem sempre é tão bonito ou puro como as pessoas gostam de pensar. Há uma escuridão nele às vezes". Por amor, alguém pode odiar mais do que jamais supôs que poderia, pode fazer coisas que nunca julgou ser capaz.
A construção referencial do livro pra mim é brilhante, a autora pega referências claras de O conto de aia, de Margareth Atwood e mistura de maneira absurdamente brilhante com Harry Potter, escurecendo ainda mais o quadro miserável de crueldade pintado por Voldemort no poder. Ela conseguiu misturar essas referências e fazer uma história densa e coerente.
Eu consegui sentir cada dor, angústia, medo e horror e mesmo quando parecia que finalmente os protagonistas encontrariam um pingo de paz na vida, eu não conseguia parar de pensar que aquilo iria ruir a qualquer momento.
Mesmo no final não temos aquele velho e conhecido "e foram felizes para sempre". Sim, eles estavam finalmente em paz e pode-se dizer que também estavam felizes, mas ainda assim, carregavam suas cicatrizes e tinham que cuidar em manter seus demônios na coleira. Eles ainda tinham traumas que nunca iriam superar, pesadelos que nunca iriam desaparecer.
Estou fazendo essa resenha agora, mas fazem meses que li e digo com tranquilidade que ainda não superei esse livro e é possível que nunca supere. Só de relembrar pra escrever isso, tenho vontade de devorá-lo de novo. Mas me seguro, pois, que venham as próximas fics dramione.