Erinia1 23/09/2022
Quebraram e cheiraram aquelas pedras mágicas
O que dizer de um enredo tão incomum? Um enredo tão estranho do primeiro capítulo até o último?
Toda a história gira em torno de dois protagonistas indecisos que mais parecem fazer cool doce do que realmente tentar compreender seus sonhos compartilhados. Chega uma hora que tudo simplesmente é irrelevante, não só o romance, a pedra, mas também o passado que liga Go Siwon com Kang Jinha.
As diversas tentativas de Siwon em lembrar quem de fato era Kang, seja através dos sonhos ou de flashbacks, são extremamente irritantes. Pois, com o decorrer da história, esse propósito parece não levar a lugar algum. Um elemento que não acrescenta em nada no atual presente do próprio Siwon. Tanto que eu não esperava que ele fosse realmente recordar dos tempos de sua infância, além dos abusos familiares.
Agora, mudando o ponto de vista, Kang Jinha tem um passado que vale a pena entender, até porque são coisas do passado DELE que irão incrementar acontecimentos presentes e futuros.
Lembrando que tudo isso é ligado a um cenário universitário, então há ínfimos momentos de... como posso dizer... tentativas dos personagens passarem por problemas de jovens. A decisão deste plano de fundo foi para que, de alguma forma, os personagens tivessem que interagir contra a vontade deles. Uma jogada bem clássica. Porém, mesmo com uma base clichê, há situações absurdas que o leitor se vê na obrigação de dizer: "Bom... isso acontece... é isso aí... vida que segue... melhor não questionar". Nessa parte estou me referindo às fotos vazadas de Siwon com Kang. Momentos extremamente delicados de ataques homofóbicos sendo resolvidos com... dinheiro???
Ooo romance mais sem sal!
Aprecio bastante, romances com desenvolvimentos lentos, onde a(o) escritora(o) tem a oportunidade de fazer o leitor se apaixonar pela ligação dos protagonistas. Infelizmente não é isso o que sinto aqui. O romance é cansativo, cheio de conflitos mal desenvolvidos jogados na cara do leitor. Não! Eu não consigo digerir a desculpa os sonhos compartilhados, muito menos a tentativa de assassinato. Se isso aqui fosse uma espécie de Sense8, com toda certeza, qualquer conflito teria sido resolvido com uma simples conversa. Uma única conversa sobre a vida, Siwon e Kang parecem ser incapazes em ter.
Até mesmo os momentos mais picantes são sem sal, completamente jogados para escanteio, e mal trabalhados.
Eis que surge ele! O grande vilão da história! A pessoa que ira movimentar o enredo! Ou, foi o personagem que me fez questionar se eu não estava lendo acidentalmente Killing Stalking.
Noh Seonyun, é o nome do capeta. Aqui temos o combo do traidor, mestre dos magos, empata-foda, talarico, stalker, sequestrador, maníaco e abusador sexual. Entretanto, os crimes cometidos por esse personagem são tratados com indiferença. No final ele tem seu, infeliz, arco de redenção.
Eu que vos escrevo, tenho minhas faculdades em ordem! Sei reconhecer uma síndrome de Estocolmo (já fiz resenha de Príncipe Cativo, etc.). Nesse yaoi o que mais me preocupou, foi a impressão dos abusos terem sido mascarados com amor e pitadas de BDSM.
(Só para deixar claro. Eu não tenho nada contra quem gosta de fetiches. O meu problema começa quando usam esses fetiches como um "alerta, você pode ser abusado por alguém que curte isso").
Eu não sei qual foi a impressão que as cenas da ilha deixaram nos outros leitores, mas para mim não foram as melhores.
Subitamente, o yaoi se transforma numa quest, onde nossos heróis teem que desvendar as origens de certos artefatos místicos.
A arte é linda e muito expressiva, tem traços originais que eu não vi em outras obras. A estrutura dos personagens e os cenários também são lindamente desenhados. Um yaoi completamente colorido com tons fortes. Infelizmente, a arte é a única coisa que pude elogiar nesta obra.
Ps 1.: Caso alguém queira saber, o que me motivou a continuar essa leitura... bem... nem mesmo eu sei a resposta.