Lucas1659 30/06/2023
O que fica quando tudo se vai
É uma obra que começa muito bem, com uma premissa bem interessante e já nos cativa nas primeiras cenas em que adentramos para história através da percepção degenerada da realidade do herói — ele não sabe de sua condição, porém nós somos introduzido a ele através dela e com eles somos alojados em uma facilitação para pessoas idosas.
Parece sempre uma espécie crueldade, e de certa forma, é como um orfanato, mas que ao invés de ser um espaço para preparar as crianças para vida, aqui, é o estágio terminal dessa existência terrena, o último andar do degrau antes da escuridão daquilo que brilha e esquenta nosso corpo.
Somos junto com Emilio, introduzido àquele lugar cheio de figuras peculiares e distintas — da mulher que está sempre indo e vindo, se esquecendo do que queria fazer quando chega no seu objetivo e como sísifo não tem outra escolha a não ser repetir, a um ex locutor de rádio que perdeu a própria palavra e agora só repete o que os outros falam — ao próprio guia turístico de Emilio que apresenta uma sorrateira cleptomania.
Além de figuras interessantes, o local é curioso e, vazio de vila, salas onde os velhos vão para dormir, seja na presença da tv, seja em uma sala vazia ou de recreação, aos poucos, cada vez menos despertos, menos cientes de si.
O guia tem certos preceitos e regras sobre esse local, sobre aquelas pessoas: todos vão morrer e estão perdendo tempo ali. em oposição a uma senhora que cuida do seu par que sofre de alzhaimer — que, com tristeza, afirma que é mais que isso, que o que temos é um e o outro. Essa narrativa permeia, atravessa Emilio e quando sua enfermidade começa a florescer e murchar, vemos os relances desses acontecimentos.
O guia (não lembro seu nome), que eram quem relutava a ao que diziam de "parceiria" ficou com Emilio até ao final quando esse subiu par ao andar em que as pessoas não sabem se cuidar.
A parte quando tudo fica em branco e as coisas depois avançam cada vez menos sem ligamento aos momentos que Emilio cada vez menos auto-suficiente é de uma sutileza linda.