Estabelecer um método apto a separar o certo e o errado, a verdade e o falso, é o primeiro passo da transição da filosofia rumo à ciência. O pensamento moderno se demarca do antigo e do medieval quando adota a dúvida para depurar o conhecimento das “certezas” impostas pela via religiosa ou por preconceitos consolidados pela tradição. Descartes ocupa o posto central nessa etapa quando define a matemática como modelo de saber confiável, construído sobre ideias claras, distintas e ordenadas.
Nas “Regras para a orientação do espírito” (1626-1628), o pensador francês esboça o plano que completará, dez anos mais na tarde, no “Discurso do Método” (1637). No texto, que ficou inacabado, ele elabora um conjunto de regras que funcionam como exercícios, treinos para o bom uso da razão. A primeira etapa, analítica, permite depurar o confuso e rejeitar as incertezas. A segunda fase, sintética, orienta a ordem das ideias, avançando do mais simples ao complexo.
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