Esta obra é constituída por cinco ensaios que estudam, numa perspectiva diferente e inovadora, a obra do grande escritor, desde a "campanha alegre" das Farpas (1871-72) até Os Maias (1888).
A abrir, um estudo sobre o "riso que peleja" do alistado escritor e crítico que é o Eça moço, com os seus 25/26 anos. A partir dos textos primitivos das Farpas de Eça, procura-se mostrar, como nunca se tinha feito até agora, o que é que estes textos combativos trazem de novidade como agudíssima crítica de ideias e implacável crítica social para com o país que, mais tarde em romances, Queiroz continuaria a satirizar, de modo a entender-se que é nas páginas das Farpas que realmente começa o romancista.
Três destes romances são em seguida examinados: O Primo Basílio (1878), A Relíquia (1887) e Os Maias. Dois ensaios perspectivam o primeiro a partir do confronto dramático e, por fim, fatal, de duas mulheres, a jovem e bela Luísa, burguesa fútil e ociosa, e a feia e azeda criada Juliana.
Segue-se um estudo sobre A Relíquia, sátira ao farisaísmo católico lusitano, obra divertida mas cruel que teve um acolhimento furibundo por parte do "establishment" português, impiedosamente retratado.
O livro conclui com a comparação entre duas obras fundamentais das literaturas ibéricas, Os Maias e Fortunata y Jacinta de Perz Galdós, duas grandes máquinas romanescas com uma profunda articulação com a História de Portugal e de Espanha, obras publicadas quase ao mesmo tempo, e em muitos aspectos com propósitos críticos semelhantes, embora em quase tudo distintas. Este cotejo ajuda-nos a compreender melhor o significado profundo da nossa obra prima do romance que é Os Maias. Depois de Eça de Queiroz e o Seu Tempo (1972), de Eça Político (19749 e de Eça de Queiroz e a Geração de 70 (1980), João Medina apresenta-nos aqui uma densa e inovadora análise do nosso maior romancista do século XIX, obra que decerto renova os estudos queirozianos em Portugal.