Revoltas, motins, revoluções

Revoltas, motins, revoluções Monica Duarte Dantas (org.)


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Revoltas, motins, revoluções


homens livres pobres e libertos no Brasil do século XIX




Ao reunir uma pluralidade de abordagens sobre movimentos de revoltas, sedições e motins, assunto importante e até hoje mal explorado, esta coletânea é um verdadeiro evento historiográfico pela abrangência de sua contribuição Trata-se de uma iniciativa inovadora, tanto para a historiografia de formação do Estado, como para a dos movimentos de resistência dos homens pobres, livres e forros.

Somos levados a conhecer episódios pouco conhecidos de nossa história, como o movimento da Serra do Rodeador, a revolta do Ronco da Abelha ou dos Marimbondos, o motim da Carne sem Osso, Farinha sem Caroço, a revolta do Quebra Quilos, o motim do Vintém e mesmo movimentos locais até agora pouco ou nada conhecidos, que engrossaram o séquito do Conselheiro na revolta de Canudos. A organizadora desta publicação explora um assunto pioneiro que são os meandros percorridos por textos jurídicos e legislativos através dos quais os políticos do império importaram do sul dos Estados Unidos meios e recursos de controle social de sublevações, sutilmente incorporados ao Código Criminal do Império.

Esta coletânea nos oferece estudos dos mais variados historiadores que trabalham os limites do poder e da hegemonia na história da construção do Estado brasileiro. Alguns, dentre os autores desses ensaios tão diversificados, documentam a participação política dos votantes pobres nos raros momentos em que, através de recursos ardilosos, chegavam a escapar do controle do processo eleitoral pelas facções locais ou pelo poder central. Outros focalizam as duras condições de sobrevivência, dificultadas ou ameaçadas por decretos injustos, agravados por exigências fiscais; revoltas motivadas pelo recrutamento violento dos homens livres pobres e forros levados a força para longe de suas famílias e de suas roças, a reação contra a carestia dos gêneros alimentícios, a falta de pagamento de soldos, a cobrança de novos impostos sobre feirantes.

Trata-se de leitura instigante e repleta de informações inovadoras para os interessados na história dos revezes do processo lento e desigual de construção da cidadania no Brasil. Ressalte-se a tendência a documentar a singularidade crioula ou sertaneja dessas revoltas, motivados pela insegurança em que viviam na condição de alforriados e pelo medo de serem re-escravizados; pavor e tensões de sobrevivência que os levaram a forçar em certas ocasiões a conquista de seus direitos sociais ou mesmo de representação política, seja nos meandros de formalização das próprias instituições ou através do uso da violência para fazer valer seus direitos de cidadania e de igualdade racial.

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02/02/2012 11:57:01

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