A poeta gaúcha, que estreia com este volume, é uma autora em cuja obra o humor às vezes escrachado carrega uma dimensão trágica, de tristeza e deslocamento, que impede o poema de descambar para o irrelevante. É notável o espírito profanatório com que relê a tradição poética que a formou, à qual dedica, mais do que discursos laudatórios, uma língua ferina. Favorecendo a série de poemas para compor seu discurso, ela flerta abertamente com a popularidade e lembra, a alguns, o estilo da poeta portuguesa Adília Lopes, que tem uma Antologia publicada pela Cosac Naify.