Encarar uma morte é difícil? E se não fosse uma, mas duas? De pai e mãe. Claudia Giudice descobriu simultaneamente que os pais estavam com a morte anunciada: tinham cânceres em estágio terminal. Morreram pouco depois, num intervalo de apenas seis meses. Escritora, palestrante e jornalista que comandou redações importantes do país, Claudia já conhecia e lidava bem com os movimentos imprevisíveis da vida profissional. Nenhum sinal de alerta, porém, a preparou para enfrentar o maior de todos os calvários.
“Sem pai nem mãe” é um relato íntimo, corajoso, muitas vezes escrito em tempo real. Cláudia conta a história desse período duro e intenso. Mas absolutamente repleto de vida. Com uma narrativa arrebatadora, ela nos transporta a um lugar ao mesmo tempo inimaginável e familiar, tão radicalmente humano e impregnado de amor. Do primeiro susto ao último suspiro ao lado de Paulo e Marina, passando pelos momentos mais sensíveis em casa, no hospital e nas trocas de mensagens com amigos, Claudia detalha cada passo de uma jornada triste, sim, mas também cheia de afeto e aprendizado da aceitação da morte.
No caminho acidentado, surgem sopros de genuína felicidade. São momentos encantados que quase justificam o cenário de guerra: quando Claudia teve o pai em sua casa para cuidar dele e poupar as forças da mãe, durante as séries maratonadas juntos, nas risadas e nos pequenos goles de frapê de coco. Depois da partida de Paulo, já no auge da pandemia, ela redescobriu o prazer das conversas sem pressa entre mãe e filha e de ficar de mãos dadas com Marina no silêncio surreal de uma das avenidas mais movimentadas de São Paulo, agora vazia e ao som do canto dos pássaros.
“Sem pai nem mãe” é, acima de tudo, um relato profundo de amor. Uma leitura de tirar o fôlego e encher a alma.
Drama / Literatura Brasileira / Não-ficção