Nesta obra revolucionária, um dos mais importantes críticos literários e culturais discute a principal figura da literatura inglesa – William Shakespeare – e propõe uma leitura dramaticamente nova de quase todas as suas peças e poemas. A chave para Teatro da inveja é a interpretação original que René Girard faz da ideia de “mimese”. Para Girard, as pessoas desejam os objetos não por seu valor intrínseco, mas porque eles são desejados por outras pessoas – nós imitamos os desejos delas. Ele considera essa inveja – ou “desejo mimético” – um dos pilares da condição humana.
Utilizando essas intuições provocantes e iconoclastas para analisar a obra de Shakespeare, Girard revela a coerência anteriormente despercebida das peças-problema como Tróilo e Cressida e oferece bons argumentos para elevar Sonho de uma noite de verão da condição de comédia caótica para obra-prima. O livro está repleto de interpretações originais e provocantes: Shakespeare aparece como “profeta da propaganda moderna”, e a ameaça de uma catástrofe nuclear é interpretada à luz de Hamlet. O mais intrigante de tudo, talvez, é um aparte breve, mas brilhante, em que se apresenta uma perspectiva inteiramente nova para o capítulo do Ulisses de Joyce, em que Stephen Dedalus faz uma palestra sobre Shakespeare. Na perspectiva de Girard, somente Joyce, talvez o maior dos romancistas do século XX, chega perto de entender o maior dos dramaturgos do Renascimento.
Nesta leitura de notável fôlego de Shakespeare, a prosa de Girard é sofisticada e contemporânea,além de acessível ao leitor comum. Qualquer pessoa interessada em literatura, antropologia ou psicanálise há de querer ler esta obra desafiadora. E qualquer pessoa envolvida na produção teatral encontrará muitas ideias sugestivas em Teatro da inveja.