Plágio. Remix. Apropriação. Qualquer que seja a palavra usada, o tema subjacente a este romance premiado com a Bolsa Petrobras de literatura é roubo. Com todas as letras. Construído a partir de um corta e cola de palavras e frases subtraídas de outros livros, num processo de montagem explicitado pelo ousado projeto gráfico, Sujeito Oculto cria um jogo de espelhos infinitamente recuado em que o narrador nunca é quem parece ser.
Quem seria o autor deste romance, senão mais um personagem, que apenas não sabe que está participando do jogo literário? Tecido a partir de citações, frases feitas e ideias de segunda mão, Sujeito Oculto embaralha deliberadamente conceitos como autenticidade e originalidade, mesclando gêneros como ficção, biografia e crítica literária.
E levanta a questão: é possível ser, ao mesmo tempo, original e cópia? A resposta a essa e outras perguntas pode estar nas margens dos livros de uma aspirante a escritora que morre pouco tempo depois de ter feito uma seguro de vida. Nos depoimentos de um homem que descobre por meio de frases soltas e sublinhadas a vida secreta da mulher que perdeu para sempre. Ou ainda na reação da jovem esposa que relê estes mesmos livros com outros olhos, dez anos depois. Nos rastros deixados por uma autora premiada que não se importa de ser vista como falsificadora, porque assim encobriria a verdadeira natureza de seu romance. Ou ainda no posfácio de um crítico que tenta guiar o leitor em meio a um labirinto de referências literárias e espelhamentos que encobrem um drama familiar de forte carga emocional.