Eu, minha mãe, meu tio Ian e a tia Sofia sempre nos mudamos. Novos colégios, novos países, novas línguas, novas pessoas. Somos uma família incomum.... Mas desde cedo aprendi que a nossa família é muito maior que nós quatro. Desde cedo, aprendi a ter orgulho daquilo que sou, daquilo no qual faço parte, nós somos a matilha e a matilha faz parte de cada um de nós.
No inicio, minha mãe disse que estávamos fugindo da guerra que se arrastou por anos no mundo dos lobos. Depois, quando a guerra se acalmou, ela nos disse que deveríamos estar preparados para a guerra que virá, fala sobre uma visão que teve em uma lua azul, onde haviam lobos e bruxas mortos pelo chão. Diz que nessa guerra, a balança do universo irá pender para um dos lados: bem ou mal. Se eu acredito em todas essas loucuras? Claro que sim! Sei que ela seria a primeira a voltar para casa se pudesse, se pudesse voltar para ele...
Bem... Vamos voltar ao presente, onde estou neste momento? Exatamente em frente ao meu pai- estou vendo-o de verdade pela primeira vez, longa história-, ele está boquiaberto e olhando de mim para minha mãe enquanto ela se afasta, não culpo o homem, eu também estou. Vamos lá, quando ela disse, ‘’Sarah, vamos para a casa de seu pai’’, pensei que o ‘vamos’ incluísse mais de uma pessoa, não é assim que se ensina na escola? Pois é, parece que minha mãe tem seu próprio modo de lidar com a norma gramatical.
O problema é que meu pai não está sozinho, há um projeto de oferenda que não sai do seu pé- eu poderia tentar engoli-la, mas é claro que isso não vai acontecer. Sei que a minha mãe o ama, e por seu olhar idiota, isso é reciproco, então tem alguém sobrando por aqui-, e como se eu já não tivesse o bastante em minhas costas neste exato momento, ainda tem um cara que parece uma porta, de olhos coloridos, e que me odeia sem motivo aparente. Eu disse que a minha família era incomum? Você ainda não viu nem a metade.
Fantasia