O Timeu deveria constituir, juntamente com o Crítias e o Hermócrates, uma triologia de diálogos platônicos dedicados à descrição das origens - respectivamente, do universo, do homem e da sociedade -, de que só existem os dois primeiros. A obra é quase exclusivamente preenchida por um discurso narrativo proferido pela personagem que lhe dá o título, no qual Platão expõe uma cosmologia - uma teoria acerca da formação do cosmos a partir dos elementos, por ação de um demiurgo bom e criador de vida -, na qual integra de forma harmoniosa, e seguindo princípios idênticos, a constituição dos seres humanos. Os princípios explicativos a que recorre proporcionam uma solução para um dos problemas-chave suscitados pela Teoria das Formas: a (a ausência de) relação entre o sensível e o inteligível, e a consequente (in)compreensão da mutabilidade. O Timeu oferece-nos ainda uma engenhosa teoria da percepção de base elemental, bem como uma teoria das doenças humanas com idêntico fundamento, para alem de nos brindar com a famosa teoria da transmigração das almas, de base ética. Esta tradução do Timeu oferece pela primeira vez aos leitores de língua portuguesa a possibilidade de lerem este diálogo na sua própria língua.