'Todos os reis estão nus', diz o título do livro. O indivíduo contemporâneo depende do olhar dos outros, pois não tem essência - como uma cebola, é feito de mil cascas sobrepostas, sem caroço central. O famoso menino que denunciou a nudez do rei talvez gritasse hoje que embaixo da roupa régia não há nada ou quase nada. É fácil imaginar as consequências disso - inseguranças, insatisfações abstratas, questionamentos que provocam angústia sobre quem somos e como os outros nos veem. O autor, porém, não é nostálgico - nosso 'mal-estar' é apenas o preço que pagamos pelo privilégio de pertencer a uma época em que a vida é uma aventura, e a rebeldia, um valor.