"Meteram-me a mim e a mais trezentos companheiros de infortúnio e de cativeiro no estreito e infecto porão de um navio. Trinta dias de cruéis tormentos e de falta absoluta de tudo quanto é mais necessário à vida passamos nessa sepultura até que abordamos as praias brasileiras. Para caber a mercadoria humana no porão, fomos amarrados em pé e, para que não houvesse receio de revolta, acorrentados como animais ferozes das nossas matas, que se levam para recreio dos potentados da Europa."
Publicada em 1859, este é considerado o primeiro romance publicado por uma mulher no Brasil. É também o primeiro romance abolicionista da literatura brasileira e ainda o primeiro romance da literatura afrobrasileira, isto é, uma obra produzida por uma autora afrodescendente que tematiza a negritude a partir de uma perspectiva interna. A história de amor ultrarromântico entre Úrsula e Tancredo tem como pano de fundo a temática do negro a partir de uma perspectiva comprometida em recuperar e narrar a condição do ser negro em nosso país. Segunda tiragem da Edição Comemorativa de 150 anos do lançamento do romance.
Literatura Brasileira / Ficção