O ódio é indistinguível do amor - o verso de Catulo escolhido como epígrafe desta Valsa Negra já sugere a clave em que o romance deve ser lido: a do ciúme e da obsessão amorosa. Com uma trama ambientada no mundo da cultura erudita, Patrícia Melo abre novos caminhos em seu universo narrativo, enfocando a conturbada relação entre um maestro de prestígio e uma jovem violinista. Gustav Mahler, judaísmo, amores frustrados, muito sexo, psicanálise, crise no Oriente Médio, miséria existencial, a vida em São Paulo, os bastidores de uma orquestra e ímpetos suicidas - a matéria de que Valsa Negra se compõe é a própria polifonia da vida contemporânea, ressoando em seus detalhes mais estridentes e dissonantes. Nas mãos de Patrícia Melo, o romance se converte num espaço de cumplicidade e desvario, em que arte e paranóia fazem um pacto perverso para transformar um homem em vítima de si mesmo.