A senha pode ser a temperatura, o clima. Pode ser um comentário machista. Ou uma crítica às condições do asfalto. A arte de puxar papo com desconhecidos - e de conversar sobre a existência em todas as direções - é uma característica presente no DNA de nove entre dez taxistas cariocas. Mais que uma característica - é uma qualidade.
O taxista é um doutor em viagem curta. Um prestador de serviço casual - que carece de freguesia fixa. O proverbial bom papo, pois, agrega clientela. Claro, existem os chatos, os muito chatos e os insuportáveis. E existimos nós, passageiros, que muitas vezes preferimos o silêncio tumular a conversar com aquele sujeito do banco da frente ou do lado.
Mas conhecer pessoas - e socializar - é essencialmente humano. E é isso que um motorista de táxi faz diariamente - esbarra, conhece e conduz gente que jamais viu antes. E é desses encontros que nasce este livro - um livro com gente e sobre gente.
Viajamos diariamente em mil direções, sejam elas físicas ou mentais. As viagens deste livro são fisicamente curtas - mas de certa forma fazem parte de uma jornada maior. Uma jornada que vale cada segundo de taxímetro. Pois essas são as viagens da viatura 055 em sua missão cotidiana - explorar novas almas e ir ousadamente aonde sempre estivemos sem perceber.
Crônicas