Pra entender este livro, em toda a sua profundidade, é preciso _diz o próprio autor_ que se deixe de quarentena toda a atividade do chamado 'senso comum'. Realmente, com idéias já prontas e imutáveis não se pode ler Norman Brown. Vamos transcrever aqui algumas linhas tiradas do livro, que poderão mostrar um pouco de sua originalidade e do seu alcance sob o ponto de vista não apenas psicanalítico, como também histórico, antropológico, sociológico e até mesmo religioso.
"...a humanidade inconscinete de seus reais desejos, e, portanto, incapaz de obter satisfação, é hostil para com a vida e está prestes a destruir-se."
"...Daqui por diante o cérebro já não é mais adequado como instrumento para o pensamento científico. É necessário pensar em oposição ao cérebro."
"...Freud estava com a razão: nossos verdadeiros desejos são inconscientes."
"...O difícil é seguir Freud através do obscuro submundo por ele explorado e permanecer lá; e também ter a coragem de largar sua mão quando parecer que seu mapa pioneiro precisa ser desenhado de novo."
Brown afirma, e faz disso o cerne do seu livro, que nossa civilização é essencialmente repressiva e autodestruidora: "a essência da sociedade é a repressão do indivíduo e a essência do indivíduo é a repressão de si mesmo." A humanidade, apesar de toda a sua luta e progressão cultural e tecnológica, pretende, com este livro, iniciar uma nova e revolucionária interpretação do homem e da história, partindo de Freud e de místicos cristãos, levando-os às mais extremas consequências.