A admiração que as Vidas Paralelas suscitaram em grandes poetas e teatrólogos, bem como os motivos de inspiração que os conduziram, testemunham a fama quase mística e a perene vitalidade da mais ilustre obra de Plutarco. Mediante o confronto das vidas de célebres personagens gregos e romanos, segundo a tradição retórica, o autor penetra na alma de seus heróis para descobrir-lhes, através da ação, a natureza e as qualidades morais. As Vidas Paralelas, portanto, não só constituem a mais ampla coletânea de fatos que nos chegaram da antiguidade clássica, como também assumem particular valor pela nobreza de seu substrato ético e pela exigência da verdade absoluta a que aspiram. "Não estou escrevendo a História, mas narrando vidas", diz Plutarco na introdução de seu Alexandre, explicando ao mesmo tempo por que ignora fatos de extrema importância, negligencia a cronologia, não submete a severa análise suas fontes. Ao escritor e ao moralista, mais do que os feitos famosos e as grandes batalhas, interessam o detalhe, o dito gracioso, o traço de espírito que revelam o homem em sua essência. Assim, essas biografias têm um caráter exemplar, e como tais se impõem à atenção do leitor moderno, porque se exemplo moral, mesmo associado a um mundo único, aparece vivo e presente na seriedade de seus propósitos e no vigor de seu ensinamento. Demóstenes, Cícero, Demétrio, Antônio, Díon, Bruto, Artaxerxes, Árato, Galba e Otão