No pensamento dos grandes filósofos existem certos lugares (topoi) que, reiterados, assinalam a cifra não só de seu estilo, mas também de sua filosofia. Para Emmanuel Levinas, essa cifra é o diálogo, do qual a entrevista é uma das formas. A que se apresenta aqui é justamente um exercício de pensamento. No diálogo transparece a ética do rosto, do outro, como próximo e como Deus. O rosto que está diante de nós é abertura: torna possível pensar o “totalmente Outro” do Ser e do Logos, invertendo a tradição ocidental. Pensar, a partir da Palavra do infinito audível no rosto do outro em cuja nudez resplandece os traços de Deus, só é possível no respeito de sua alteridade, de sua solidão e de seu mistério. Destas páginas, como uma joia da filosofia de Levinas, reluz a interpretação da filosofia primeira como ética.
Filosofia