A revelação do Brasil pela carta de Pero Vaz de Caminha cria todo um roteiro de magia para a nova terra. As palavras do escrivão português revelam como que um futuro incondicional para a realidade brasileira. A terra é cheia de graça e a consciência naturalista nasce a partir do gozo de seus ares e águas. É uma visão do paraíso, onde não importa se em verdade exista ouro ou prata ou pedras preciosas. Já a felicidade simples dos sentidos esclarece aos homens que o paraíso existe. E que nele tudo será possível.
O homem, através das palavras de Pero Vaz, toma conhecimento da tão desejada novidade: a existência de um novo mundo. Concreto. Imediato. Rico de cores, calor, árvores, frutos, pássaros, cantos, frescura. A terra é ampla, imensa na linha do horizonte. Nela a vista penetra nos arvoredos por léguas e léguas. O céu é limpo; os portos, seguros. As águas são ricas de peixes e a caça é fácil e alegre.
Mas logo depois o espírito da palavra de Pero Vaz de Caminha começa a perder-se. Para a conservação das riquezas ameaçadas, os portugueses mudam de número e de natureza. Já não mais a serena amorável relação. Mas a tomada do poder. O paraíso se modifica lentamente. Modifica-se a vida. O claro imediato sentido da existência se vê superado pela convicção colonizadora e imperialista. O colonizador perde sua visão do paraíso.
História do Brasil / Literatura Brasileira