Isabela Sancho, através de um grande e sensível poema, tenta destrinchar a experiência da depressão – não enquanto diagnóstico propriamente dito, mas enquanto uma condição física – em A Depressão Tem Sete Escadas e Um Elevador. Ao mesmo estilo de forte condensação metafórica e ricamente confessional de Sylvia Plath, Isabela Sancho descreve sua vivência como uma vida subterrânea à sete – este número cabalístico – andares da superfície, o qual funciona apenas um elevador. Remando contra a maré contemporânea dos poemas curtos, Isabela se atreve a se alongar em um único poema por mais de cem páginas, sem nunca perder o fôlego. Trata-se de um sufocante retrato de dor, angústia e medo: um sofrido desespero silencioso. A obra não é fácil, e exige muita garra, mas de extrema importância, devido ao cenário de uma população que cada vez mais sofre deste mal incompreendido. Entretanto, a esperança corre pelas entrelinhas deste subsolo de horror. A Depressão Tem Sete Escadas E Um Elevador é um livro em que prova que a poesia pode ser instigante, que a dor pode ser fatal, mas que há sempre um novo caminho para se percorrer.
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