Gaspari se tornou depositário de cinco mil documentos do Arquivo Golbery e do diário de Heitor Ferreira, secretário particular de Geisel, "o sacerdote", e de Golbery, "o feiticeiro" para escrever ´A ditadura derrotada´ - primeiro volume do tríptico ´O sacerdote e o feiticeiro´ - obra espetacular, já que trata de conversas e de assuntos cujo conteúdo nem mesmo os envolvidos sabiam. Num dos trechos mais importantes de ´A ditadura derrotada´ fica-se sabendo que Geisel, antes de ser empossado em fevereiro de 1974, ouviu do general Dale Coutinho que o "negócio" - a repressão à subversão - "melhorou quando começamos a matar", numa referência ao fim dos "confrontos armados" e dos "suicídios" suspeitos e ao surgimento da figura do "desaparecido". "Ó Coutinho", disse o futuro presidente, "esse troço de matar é uma barbaridade mas eu acho que tem que ser." Disse isso com a mesma simplicidade com que repeliu o golpe dentro do golpe, ao vê-lo se desenhando após a vitória da oposição nas eleições de 1974. "Pois não fizemos uma eleição? É isso e pronto!" O resto das revelações fica para esta grande obra intitulada A ditadura encurralada, novo volume de ´O sacerdote e o feiticeiro´, cobrindo até a demissão do general Sylvio Frota, em 1977, pá de cal no autoritarismo. .
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