"A formação do espírito científico" se insere na seqüência de obras que marca o período mais criativo do Bachelard “diurno”, aquele que pensa o saber científico. A elas se somam os textos do Bachelard “noturno”, que se debruça sobre a criação artística, o devaneio, as imagens poéticas, as potências da imaginação. Num e noutro caso, o filósofo não procura estabelecer a relação do saber, produzido pelos homens, com as coisas, mas a relação desses homens com seu próprio saber. Em A formação…, Bachelard destaca as armadilhas e dificuldades que cercam a descoberta de conceitos fundamentais, a função positiva dos erros nessa gênese e, principalmente, o caráter recorrente e geral de certas resistências ao conhecimento científico. Justamente porque esses obstáculos ao conhecimento estão presentes dentro de nós e espalhados à nossa volta, e porque sua superação é um desafio que sempre se renova, o livro tornou-se um clássico, um texto perene, cujo potencial didático nunca se esgota: ele não nos ensina coisas, nos ensina a pensar.
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