Tudo no mundo começou com um sim – assim Clarice Lispector começa A hora da estrela, e é com esse mesmo sim que Sérgio Antônio Silva nos entrega este livro, lançando-nos à aventura perigosamente feliz da escrita. O medo, a queda, o amor, a morte, tudo isso encontramos neste texto. Sérgio faz falar a obra de Clarice que mais nos diz do ato de criação, mostrando-nos a relação da escrita com o fracasso, o estar sempre a morrer. Sim. Dessa palavra começante, dessa palavra desapossada e desenraizada, nasce este livro e sua pobreza: um começo, um meio, um fim. Talvez seja essa a saída que resta – uma saída discreta pela porta dos fundos – para se falar de uma história que não cessa de principiar, que não cessa de acabar.
Fernanda Mourão
Ficção / Literatura Brasileira