A revolução de 1930, de Boris Fausto, foi publicado originalmente em 1969 e desde então veio ganhando sucessivas reedições. Esse clássico da historiografia brasileira -- obra de referência obrigatória quando se quer pensar o Brasil do século XX -- sai agora pela Companhia das Letras, em edição revista e com novo prefácio do autor. Boris Fausto estuda um episódio repleto de conseqüências para a configuração do Brasil contemporâneo. Ao recusar modelos historiográficos que, de um lado, entronizam o papel das classes sociais e, de outro, subestimam a mediação dos agentes políticos e das instituições, o autor expande o horizonte de compreensão dos fatos históricos e políticos ligados à crise mundial de 1929 e à Revolução de 30 no Brasil, trazendo para o primeiro plano questões como os limites impostos pelo sistema político oligárquico, o jogo entre as oligarquias regionais e o papel específico das Forças Armadas. Trata-se, antes de mais nada, de identificar e descrever a complexidade do quadro, condição necessária para que ele possa ser compreendido em seus diferentes acontecimentos. Para apresentar esta edição, Boris Fausto escreveu um prefácio que, na verdade, constitui um ensaio de caráter historiográfico. Visando refletir sobre a validade ou não de suas próprias teses, o autor analisa nesse prefácio os avanços decorrentes de novas pesquisas e discute as controvérsias geradas pelo tema no decorrer dos anos, num diálogo fértil com a comunidade intelectual que participa desse campo de estudo.
História do Brasil