O poeta, dramaturgo e escritor Daniil Kharms (1905-1942) foi um dos fundadores da OBERIU (Associação para uma arte real), grupo criado em 1928 que reuniu artistas vanguardistas de Leningrado (atual Petersburgo). Redescoberta nos anos 1990, a oberiu passou a ser considerada o último grande movimento da vanguarda russa, e seus principais membros e colaboradores, como Kharms, Aleksándr Vvediénski (1904-1941) e Nikolai Oléinikov (1898-1937), foram inseridos no rol dos maiores poetas russos do século 20. Com o fim da OBERIU (1930), Kharms se voltou para a prosa curta, criando textos coalhados de humor que, algumas décadas depois, consagraram em definitivo seu nome, na Rússia e fora dela.
Em A velha (1939), o narrador em primeira pessoa, inseparável da figura excêntrica de Daniil Kharms, é um escritor em crise que se vê perseguido por uma velha que cai dura no meio de seu quarto. Parodiando clássicos do século 19, como A dama de espadas (1833), de Púchkin, e Crime e Castigo (1866), de Dostoiévski, a novela revela ainda as vicissitudes da Rússia stalinista e as questões metafísicas do autor, por meio de imagens e gestos que se refletem ao longo da narrativa, como em um caleidoscópio.
A Coleção Mir reúne edições bilíngues da prosa curta russa, contos e novelas, de escritores consagrados, como Fiódor Dostoiévski e Lev Tolstói, mas também de nomes menos conhecidos no Brasil, como Fiódor Sologub e Zinaída Guíppius. Cada livro também acompanha uma leitura do texto feita por um russo nativo — o áudio pode ser acessado pelo QR Code impresso na capa. Mir, em russo, significa “paz” e “mundo”.
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