Considerado uma das obras-primas da literatura infantil, "Alice no País das Maravilhas" que o escritor e matemático inglês Lewis Carroll (Charles Lutwidge Dogson, 1832-1898) publicou em 1865, tem sido também um livro estimulante a muitas interpretações surrealistas e psicanalíticas. E o professor Fernando de Mello fez uma nova análise da obra de Lewis Carroll, viajando pelo País das Maravilhas, retirando dele imagens até hoje não percebidas, num enfoque novo, brilhante, divertido e profundo. A cândida Alice descobre o amor sob formas fálicas: tubo, nargulé, teleobjetiva, rabo de gato, mergulhando num mundo de sádica subversão, num ambiente de penumbra erótica.
Na edição comentada de "Aventuras de Alice no País das Maravilhas",Fernando Mello, em anotações manuscritas ao lado de cada página do texto original, chama atenção para os múltiplos aspectos fascinantes desta obra escrita há 112 anos, e que para a maioria dos leitores é apenas uma história infantil. Por exemplo, os animais são símbolos e os símbolos são desmistificados: numa parábola da mitologia cristã-judaica romana os papéis se invertem: a pomba vence a serpente; a serpente é ingênua, enquanto a pomba é desconfiada e má. Conservando-se integralmente o texto original. Mello faz observações minuciosas, em que atrás do humor se revela uma seriedade e uma justeza de observações quase científica. E assim é surpreendente constar que, o doce sorriso de Alice pode ser substutuído, sem nenhum choque, pelo sorriso sabido (e muito safado) do nosso velho Marquês de Sade.
Aramis Millarch, originalmente publicado em 01 de fevereiro de 1977
Ficção / Infantojuvenil / Literatura Estrangeira