Ficou célebre a frase de Eça de Queirós sobre Júlio Dinis: “Viveu leve, escreveu leve, morreu leve”. Dizem que é uma crítica. Sempre pensei que era um elogio: Júlio Dinis tem aquilo que os humanistas designavam por sprezzatura — a capacidade de simular grande facilidade de estilo quando, na verdade, não há coisa mais difícil do que escrever facilmente.
Em As pupilas do senhor reitor, a prosa é transparente como as águas do campo. Mas, através dela, vemos um retrato notável do Portugal liberal — um país que, apesar de todas as promessas, não esqueceu nem suplantou o Portugal antigo das províncias e dos seus sentimentos intocados pela afetação ou pelo progresso.
JOÃO PEREIRA COUTINHO,
colunista da Folha
Literatura Brasileira / Romance