- 29/04/2016 | Local:
China
- Xian
Chen Zhongshi estreou na ficção em 1973, com um conto publicado em uma revista local, e seguiu publicando uma literatura de cunho realista e regional. Com a morte de Mao Tsé-Tung e a abertura do país, conheceu a obra de autores estrangeiros como Anton Tchékhov, Honoré de Balzac e Gabriel García Márquez, além de novos olhares sobre a situação chinesa, transcendendo a visão oficial do Partido. Com a publicação do sucesso internacional Na Terra do Cervo Branco, o autor viu sua popularidade crescer imensamente. Com o distanciamento da morte de Mao Tsé-Tung e uma gradual abertura do país ao exterior, novas possibilidades de pensar o período revolucionário apareceram na literatura a partir de 1990. É o movimento do novo romance histórico chinês, do qual esta obra é um dos principais representantes.
Após a publicação de sua obra em 1993, Chen tornou-se conhecido praticamente do dia para a noite. Os críticos descreveram a obra como “uma reflexão realista sobre a história contemporânea da China”. Em 1997 sua obra conquistou o prêmio Mao Dun, considerado o prêmio máximo da literatura chinesa, além de vender milhões de exemplares e ganhar diversas adaptações.
Além de considerada sua obra-prima Na Terra do Cervo Branco (White Deer Plain - 白鹿 原) foi adaptada para diversos formatos, incluindo: ópera de Shaanxi, teatro, musicais, comédias e esculturas. Em 2010, a obra foi adaptada para o cinema num filme realizado por Wang Quan’an, incluindo os atores Zhang Fengyi, Zhang Yuqi e Duan Yihong. O filme competiu para o Urso de Ouro do 62º Festival Internacional de Cinema de Berlim, tendo Lutz Reitemeier arrecadado o Urso de Prata na categoria “Melhor Desempenho Artístico” pela fotografia. Já em 2017 a obra virou uma série de televisão chinesa, dirigida por Liu Huining e Liu Jin, e estrela Zhang Jiayi como o personagem principal.
Além das diversas adaptações, a obra Na Terra do Cervo Branco foi listada na seleção de leitura essencial do Ministério da Educação da China para estudantes universitários, devido à sua representação ultra-realista da história chinesa.
Chen tinha uma linguagem única. Em algumas de suas entrevistas é possível perceber que sua linguagem sempre foi muito aclamada pelos críticos e quando era questionado sobre essa linguagem, Chen dizia que era indispensável à conexão direta com os personagens.
Em uma entrevista para a revista MCLC Resource Center da Universidade Estadual de Ohio, a entrevistadora pergunta a Chen de um momento memorável ao escrever No País do Cervo Branco (White Deer Plain - 白鹿 原) e sem dar Spoiler o autor cita um momento em que ele se envolve tão fortemente com um personagem que acaba deixando de lado sua caneta e fechando seus olhos para descansar, ao abrir seus olhos novamente escreve apenas nove caracteres em uma nota: "Nascer é sofrer, viver é sofrer, morrer é sofrer".