Desde o seu lançamento, em 1937, Capitães da Areia causou escândalo: inúmeros exemplares do livro foram queimados em praça pública, por determinação do Estado Novo. Ao longo de sete décadas a narrativa não perdeu viço nem atualidade, pelo contrário: a vida urbana dos meninos pobres e infratores ganhou contornos trágicos e urgentes.
Várias gerações de brasileiros sofreram o impacto e a sedução desses meninos que moram num trapiche abandonado no areal do cais de Salvador, vivendo à margem das convenções sociais. Verdadeiro romance de formação, o livro nos torna íntimos de suas pequenas criaturas, cada uma delas com suas carências e suas ambições: do líder Pedro Bala ao religioso Pirulito, do ressentido e cruel Sem-Pernas ao aprendiz de cafetão Gato, do sensato Professor ao rústico sertanejo Volta Seca. Com a força envolvente da sua prosa, Jorge Amado nos aproxima desses garotos e nos contagia com seu intenso desejo de liberdade.
Clássico absoluto dentre os livros sobre a infância abandonada, Capitães de Areia encantou gerações de leitores e permanece tão atual hoje quanto na época em que foi escrito. A crua e comovente história dos meninos que moram num trapiche velho e vivem de pequenos furtos e golpes causou impacto desde seu lançamento, em 1937, quando a polícia do Estado Novo apreendeu e queimou inúmeros exemplares do romance.
Longe de manifestar piedade por suas pequenas criaturas, Jorge Amado as retrata como seres dotados de energia, inteligência e vontade, ainda que oprimido pelas condições hostis da sociedade em que estão inseridos. Com sua prosa repleta de verve e humor, o grande autor baiano nos torna íntimos de cada um desses personagens que nos contagiam com sua obstinada gana de viver.
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