Em "Cidadezinhas", John Updike retoma alguns de seus temas prediletos: a vida nos subúrbios de classe média branca do nordeste americano; a história recente dos Estados Unidos,passando do otimismo ilimitado do pós-guerra para o questionamento generalizado dos valores tradicionais do país e das instituições nacionais; e, acima de tudo, a educação sentimental de um homem que é típico representante da geração, da etnia e da classe às quais o próprio autor pertence.
As marcas registradas de Updike estão em evidência neste romance: os personagens ao mesmo tempo inteiramente verossímeis como pessoas e representantes paradigmáticos de tipos humanos; o entrelaçamento de uma trajetória individual com a história de seu país; a combinação de observação fina, humor sutil e erotismo intenso e, principalmente, a prosa refinada e impecável de um dos principais ficcionistas vivos da literatura de língua inglesa. Como observou Fay Weldon no Washington Post, “nenhum outro romancista cria universos alternativos com uma graça tão delicada, recriando os cheiros e texturas de outros lugares, outras pessoas, outras épocas, traçando a lembrança do desejo sexual com um prazer tão melancólico, conferindo importância ao que é cotidiano e comum”.